Discurso do Santo Padre, Bento XVI, aos presentes.
Estimados amigos:
É-me grato receber-vos e dar-vos as minhas
cordiais boas-vindas. Saúdo de modo particular Kiko Argüello e Carmen Hernández,
iniciadores do Caminho Neocatecumenal, bem como Pe. Mario Pezzi, enquanto lhes
agradeço as palavras de saudação e de apresentação que me dirigiram. Saúdo com
profundo afecto todos vós aqui presentes: sacerdotes, seminaristas, famílias e
membros do Caminho. Dou graças ao Senhor porque nos oferece a oportunidade deste
encontro, em que vós renovais o vosso vínculo com o Sucessor de Pedro, acolhendo
novamente o mandato que Cristo Ressuscitado deu aos discípulos: «Ide pelo mundo
inteiro e anunciai o Evangelho a toda a criatura» (Mc 16, 15).
Desde há mais de quarenta anos, o Caminho
Neocatecumenal contribui para reavivar e consolidar a iniciação cristã nas
dioceses e nas paróquias, favorecendo uma redescoberta gradual e radical das
riquezas do Baptismo, ajudando a saborear a vida divina, a vida celeste que o
Senhor inaugurou com a sua encarnação vindo ao meio de nós, nascendo como um
nós. Este dom de Deus para a sua Igreja põe-se «ao serviço do Bispo como uma das
modalidades de prática diocesana da iniciação cristã e da educação permanente na
fé» (Estatuto, art. 1 § 2). Como vos recordava o meu predecessor, Servo de
Deus Paulo VI, no primeiro encontro realizado convosco em
1974, tal serviço «poderá renovar nas comunidades cristãs de hoje aqueles
efeitos de maturidade e de aprofundamento, que na Igreja primitiva eram
realizados a partir do período de preparação para o baptismo» (Insegnamenti di
Paolo VI, XII [1974], 406).
Nos últimos anos foi empreendido com
benefício o processo de redacção do Estatuto do Caminho Neocatecumenal que,
depois de um côngruo período de validade «ad experimentum», recebeu a sua
aprovação definitiva em Junho de 2008. Outro passo significativo foi dado nestes
dias com a aprovação, por obra dos competentes Dicastérios da Santa Sé, do
«Directório catequético do Caminho Neocatecumenal». Mediante estas confirmações
eclesiais, o Senhor corrobora hoje e confia-vos novamente este instrumento
precioso que é o Caminho, de tal modo que, em obediência filial à Santa Sé e aos
Pastores da Igreja, possais contribuir com novos impulso e fervor, para a
redescoberta radical e jubilosa do dom do Baptismo e oferecer a vossa
contribuição original para a causa da nova evangelização. A Igreja reconheceu no
Caminho Neocatecumenal um dom particular, suscitado pelo Espírito Santo: como
tal, ele tende naturalmente a inserir-se na grande harmonia do Corpo eclesial.
Nesta luz, exorto-vos a procurar sempre uma profunda comunhão com os Pastores e
com todos os componentes das Igrejas particulares e dos contextos eclesiais,
bastante diversificados, em que sois chamados a agir. Com efeito, a comunhão
fraterna entre os discípulos de Jesus é o primeiro e maior testemunho em nome de
Jesus Cristo.
Estou particularmente feliz por enviar hoje,
para várias regiões do mundo, mais de duzentas novas famílias, que se tornaram
disponíveis com grande generosidade e partem para a missão, unindo-se idealmente
às cerca de seiscentas que já trabalham nos cinco Continentes. Amadas famílias,
a fé que recebestes como dom seja aquela luz posta sobre o candelabro, capaz de
indicar aos homens o caminho do Céu. Com o mesmo sentimento, enviarei treze
novas «missiones ad gentes», que serão chamadas a realizar uma nova presença
eclesial em ambientes muito secularizados de vários países, ou em lugares aonde
a mensagem de Cristo ainda não chegou. Possais sentir sempre ao vosso lado a
presença viva do Senhor Ressuscitado, o acompanhamento de muitos irmãos, assim
como a oração do Papa, que está convosco!
Saúdo com afecto os Presbíteros, provenientes
dos Seminários diocesanos «Redemptoris Mater» da Europa, e os mais de dois mil
Seminaristas aqui presentes. Caríssimos, vós sois um sinal especial e eloquente
dos frutos de bem que podem nascer da redescoberta da graça do próprio Baptismo.
Nós olhamos para vós com esperança particular: sede sacerdotes apaixonados por
Cristo e pela sua Igreja, capazes de transmitir ao mundo a alegria de ter
encontrado o Senhor e de poder estar ao seu serviço.
Saúdo inclusive os catequistas itinerantes e
aqueles das Comunidades neocatecumenais de Roma e do Lácio e, com carinho
especial, as «communitates in missionem». Vós abandonastes, por assim dizer, as
seguranças das vossas comunidades de origem e partistes para lugares mais
distantes e incómodos, aceitando ser enviados para ajudar paróquias em
dificuldade e para ir em busca da ovelha perdida e para a restituir ao aprisco
de Cristo. Nos sofrimentos ou na aridez que podeis experimentar, vós sentis que
estais unidos ao sofrimento de Cristo na cruz, bem como ao seu desejo de
alcançar muitos irmãos distantes da fé e da verdade, para os levar novamente à
casa do Pai.
Como escrevi na Exortação Apostólica
Verbum Domini, «a missão da Igreja não pode ser considerada
como realidade facultativa ou suplementar da vida eclesial. Trata-se de deixar
que o Espírito Santo nos assimile ao próprio Cristo […] de modo a comunicar a
Palavra com a vida inteira» (n. 93). Todo o Povo de Deus é um povo «enviado», e
o anúncio do Evangelho constitui um compromisso de todos os cristãos, como
consequência do Baptismo (cf. ibid., n. 94). Convido-vos a meditar sobre a
Exortação Verbum Domini, ponderando de maneira particular
onde, na terceira parte do Documento, se fala sobre «A missão da Igreja:
anunciar a palavra de Deus ao mundo» (cf. nn. 90-98). Caros amigos, sintamo-nos
partícipes no anseio de salvação do Senhor Jesus, na missão que Ele confia a
toda a Igreja. A Bem-Aventurada Virgem Maria, que inspirou o vosso Caminho e que
vos concedeu a Família de Nazaré como modelo das vossas comunidades, vos permita
viver a vossa fé em humildade, simplicidade e louvor, interceda por todos vós e
vos acompanhe na vossa missão. Vos sustente também a minha Bênção, que de
coração vos concedo, bem como a todos os membros do Caminho Neocatecumenal
espalhados pelo mundo.